terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O dia da descoberta

Cresceu.
As unhas, os problemas, a circunferência da cintura e os medos.
Foi se ver e viu a ruga. A primeira de tantas que virão.
Não se abalou. Espera viver tanto pra acumular mais delas.
Aumentou as doses de cafeína. Em líquido ou comprimido.
Enumerou as muitas coisas por fazer. Rezou pra que dê tempo.
Lembrou de preocupar-se só com o dia de hoje. Se é que ele chega ao fim.
Cresceu o amor. Esse bicho nunca pára no mesmo tamanho. Nem diminui.
As tarefas, obrigações e responsabilidades. Quantas.
A idade. Metade de meio século.
Dispensou os acessórios coloridos. E as saias tão pequenas.
Intensificou o regime (que não faz mais efeito), o creme no rosto antes de dormir e o hidratante nos cabelos.
Perdeu uns fios, quem diria, da vasta cabeleira.
E pensa que o tempo é cruel.
Passa por ela tão rápido que mal vê o relógio. Guardou na gaveta as horas.
Cresceu a saudade. E disso é melhor nem falar.
Paga mais telefone pra disfarçar a distância, mais luz pra enfrentar o medo do escuro e mais canais da TV a cabo pra ter compania.
Aumentou a Fé. E isso, ela adimite, é estranho.
Os adultos dizem que vão perdento a Fé com o passar do tempo.
E a dela cresceu para aceitar a perda de tanto.

Cresceu. É adulta.
E se deu conta [logo depois de acertar as contas] no dia 12 de Fevereiro de 2008.