quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vácuo

Descobri que gosto do vazio
Ainda que a cabeça esteja sempre cheia
E o peito sufocado

Ainda que tudo pareça apertado

Descobri que gosto de sentir que sou solta
Em algum lugar do espaço

Num imenso vazio.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Morte matada e morte morrida.

Eu insisto:
Parem de matar.

Deixa que o tempo dá conta, de nos levar aos poucos, onde devemos chegar.
Com o passar dos dias os cabelos perdem a cor,
A pele se dobra em rugas,
E os joelhos não obedecem mais.

Parem de matar.

Que a gente morre quando menos esperar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Balança

Não é falta de vontade. É a falta que me faz aquele pedaço de corpo.
Ele, molinho e inútil, junto com as outras partes se partiam em estrias.
E agora aos poucos eles vão me deixando, sumindo pra lugar nenhum, se perdendo no ar.
E eu que já sou sozinha, vou ficando menor, pequena na imensidão.

Não é falta de vontade. É falta daquele pedacinho de corpo.
Que me deixou por escrito um endereço, no verso da barra de chocolate
Descrito em números cheios de vírgula
O jeito mais fácil de trazer pra perto cada pedaço que ficou pra trás enquanto eu corria.