sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pão de Mel

Não, não se trata de receita.
Mas a verdade é que eu faço o melhor pão de mel da vida, e dia desses tive a brilhante idéia de fazer o doce para vender.
Tudo isso porque tô na rua da amargura, não sei onde procurar emprego e ninguém me oferece dinheiro pelos textos que escrevo. Uma lástima.
Então me convenci de algo que já sabia há muito tempo: eu amo cozinhar, especialmente os doces, e se isso fosse meu ganha pão eu seria absurdamente feliz.
O primeiro problema a ser enfrentado era o fato de que não tenho grana para montar um negócio do tipo confeitaria, bistrô, padaria, pizzaria, ou qualquer outro dos tantos mil que passam pela minha cabeça, então, para começar minha jornada em busca da felicidade e do salário no fim do mês (como se os dois não fossem quase a mesma coisa, enfim) decidi vender meus pães de mel de porta em porta pelo centro da cidade.
Arrumei um baú bem lindo, decorei com um tecido feliz e completei com os pães que fiz na noite anterior.
Nas três primeiras lojas que fui, vendi um pão de mel.
E então comecei a chorar. Compulsivamente.
Não de alegria, tampouco tristeza.
Chorei de raiva, por sentir denovo aquela coisa estranha que me devora quando faço algo novo. Aquela insegurança absurda, que domina meus pensamentos e me arrasta lá pra longe, de onde não posso ver razão, nem mesmo enxergar eu mesma. Eu e todos meus sonhos doces transformados em pão de mel, escondidos no fundo da cesta.
Conforme secavam as lágrimas eu voltava à real.
É difícil mesmo, disse minha mãe desesperada, mas não é impossível.
E juntas vendemos mais alguns.
Mas agora, horas depois, eu continuo apavorada.
E louca para comer os pães de mel restantes com um xícara fumegante de café.
Porque eu faço sim o melhor pão de mel da vida.