segunda-feira, 30 de março de 2009

Passo a passo

Aquilo era a primeira coisa a ser considerada.
Sempre que conhecia alguém começava logo a analisar seus gestos e palavras, o diagnóstico era rápido, em minutos tinha, ou não, um novo amigo.
Há muito tempo não encontrava alguém que passasse pelo teste, concluiu que estava mesmo difícil estreitar laços.
Não era um problema dela, era uma coisa haver com o mundo, um desencontro de rotação, estação e horário.
Um eclipse.
Mas nunca desistiu, e sempre que ouvia um novo nome começava em silêncio sua checagem.
Conheceu gente engraçada, inteligente, animada. Mas não fez mais amigos.
Até aquele dia no bar, lá em Maringá.
Sentaram perto uma da outra e desembestaram uma conversa louca, sem freios.
Ponto, era assim que ela gostava.
E a menina era amiga dele, o que também contava.
Depois de algumas horas regadas a cerveja foram embora.
E enfim se abraçaram, e passaram muito bem pela primeira coisa a ser considerada.

domingo, 22 de março de 2009

Era o fim no fim de tarde



Enquanto esperava a passagem da gripe deitou-se envolta por livros no tapete verde da sala, lá perto do seu pé descalço com cheiro de melissa nova uma listra de sol ia se aproximando ao mesmo tempo em que ficava estreita.
Era linda.
Ela esticou as pernas, fez um arco com o pé e tentou tocar com a ponta do dedo aquele pedaço de calor.
De repente sentiu-se feliz. Imensamente feliz.
Riu um riso solto e sincero.
Enfiou os dedos no meio dos cachos bagunçados, fungou o nariz machucado e até conseguiu respirar profundo como há dias não era capaz.
Fechou os olhos para despedir-se da gripe e percebeu que os dias não eram mais de verão.
Ficou aliviada como nunca ficara, era costume seu aproveitar o sol, ficar marrom - caramelo, e lamentar o vento frio.
Mas naquele momento estava tudo diferente, e com muita força e vontade ela quis um ventinho de inverno no rosto branco feito neve.
Era fim de tarde quando o abriu os olhos, estava esticada, com os braços pra cima da cabeça e os pés em ponta.
A listra de sol cruzava sua coxa.
Ela viu e sorriu.
Levantou num pulo para acordá-lo com um beijo sem gripe.
Deu boa tarde para o amor.
E amou-se.

Gribe

Gribada.
É assim que bai bibendo os dias.
Descongestiodante dasal, antinflabatório, pastilhas, qualquer bolinha anti-resfriado.
Atchim!
Saúde.
E dem as garfadas do beio-dia tem sabor. Um horror.
Sopa da boa antes de dorbir.
Rolos de babel higiênico levam embora tudo que sai de dentro do dariz verbelho.
Até abanhã.

Atchim!

domingo, 15 de março de 2009

Beijo me liga.

Quando toca o telefone ela se liga.
Corre pra atender a mãe que liga.
Estão ligadas, uma à outra, mesmo quando desligam.
Ligam tanto uma pra outra que outra e uma já têm certeza do amor.
Infinito.

Quando toca o telefone ela desliga do resto do mundo,
E se liga na voz do outro lado:

- Oi mãe!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Tempo amigo seja legal conto contigo pela madrugada

Em sua batalha diária contra o tempo encontra tempo pra tudo:
Estudo, trabalho, casinha, e-mail, livreto, muffin e banho.
Guarda a apostila na gaveta do estoque.
Vende tudo da 13:00h à 21:00,
Põe a louça, estica a cama e pinta as unhas com creme no cabelo.
Pra ganhar tempo do tempo que corre, parou de correr.
Escreve para aquelas que ama, também com creme no cabelo.
Escreve pra si própria e chama tudo de livro. Com creme no cabelo.
Cozinha pequenos bolinhos que aos montes matam a fome deles.
Quando é perto da meia-noite toma seu banho de gata.
É o gato quem tira todo aquele creme de seu cabelo.
Dorme no resto do tempo que resta.
Antes que acabe, reza.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Era uma vez...




Uma menina que tinha tudo,
Não sabia de nada,
E foi feliz como sempre.

Fim. (ou começo)