quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Diálogo.

É importante que você saiba
Que meus olhos molhados nada tem a ver com tristeza
É só meu coração transbordando
Colocando pra fora tudo que sinto cada vez que você, sutilmente
Me desperta do mundo
Com um toque leve, de dentro pra fora, do lado do meu umbigo
Me mostrando que é hora de viver pra dentro.

E eu, obediente, me volto.
Só pra você.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Cordão

Eu estive pensando bebê,
Esse negócio de dividirmos o mesmo umbigo me faz melhor.
O mundo que rodava ao redor dessa minha barriga
Agora envolve nós dois (ou duas)
E a gente vai aproveitando tantas voltas
Pra embalar nosso sono
Enquanto ouvimos Elvis
Mais umas 3 vezes.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Óh dúvida!

Maria Fernanda tem 3 anos, um par de olhos azuis, e cachos dourados que ela gosta de sentir no meio das costas.

(eu) - Maria Fernanda, você acha que o bebê na minha barriga é menino ou menina?
(Ela) - Hummm... Eu acho engraçado!

outra vez

(eu) - Maria Fernanda, e o bebê na minha barriga hein? É menino ou menina?
(ela, enfiada debaixo do meu vestido, bem no meio das minhas pernas) - Deixa eu ver aqui... Menina!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Voltamos.

E então nós voltamos pra cá, porque organizar casa nova é pesado demais.
Precisamos só da leveza, do arzinho fresco debaixo do sol, de suspiros, e muita fruta.
Aliás agora a gente é assim, louco por melancia.
E coisas geladas, tipo pedra de gelo.
Um monte de pedra de gelo.

Somos mais calmos também, os três.
Sim, porque esqueci como se faz pra ter gastrite nervosa.
E agora me conformo com o seu jeitinho enjoado, sua mania de pedir atenção, e respondo com um copo de água e limão espremido: mamãe tá aqui.

Sempre aqui.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Vou mudar de blog

Esse espaço ficou pequeno pra nós 3.
Procuramos um lugar reservado, tranquilo, onde a gente possa passar dias falando só dessa coisa que acontece aqui dentro.
Porque não temos mais assunto, assumo
A não ser essa nossa vida incrível de repartir o mesmo umbigo.

Então, pra não enjoar vocês, decidimos partir de vez
E só voltar aqui pra avisar o endereço
Onde vai ficar os relatos dessa nossa gravidez.

Em breve.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A cabeça do menino

De vento é feita cabeça dele, aqueles ventos geladinhos, não dos que racham os lábios, mas daqueles que agarram a penugem do rosto, bem na pontinha, levantando fio a fio até que juntos, com muita rapidez, eles se tornam um único arrepio.

Desse ventinho tranquilo, que sopra quando cai a tarde de verão, fazendo os ombros implorarem, contraídos, por um casaquinho de tricô. Dessa coisa sem cheiro, desse carinho, de um sussurro, assim é cabeça dele.

Uma cuca tranquila, fresca, recheada de leveza.

Assim é a cabeça.

Mundo

Depois que a gente casa inventa umas de cuidar do mundo
Do mundo que é a cozinha, o mundo que são as plantas do jardim, o mundo que é o marido, o mundo que são as contas, o mundo aqui dentro.
E aí um dia o marido viaja pra cuidar do mundo lá fora.
E a gente se enfia no mundo de calor que é a casa da mãe.
Só pra ela cuidar do mundo que é nosso.
Com um mundo de sopas, cobertinhas, café e sofá.

E aí no dia seguinte, com o mundo organizado, a gente lembra de olhar lá fora.
E sai pra descobrir tudo outra vez.
O mundo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Vácuo

Descobri que gosto do vazio
Ainda que a cabeça esteja sempre cheia
E o peito sufocado

Ainda que tudo pareça apertado

Descobri que gosto de sentir que sou solta
Em algum lugar do espaço

Num imenso vazio.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Morte matada e morte morrida.

Eu insisto:
Parem de matar.

Deixa que o tempo dá conta, de nos levar aos poucos, onde devemos chegar.
Com o passar dos dias os cabelos perdem a cor,
A pele se dobra em rugas,
E os joelhos não obedecem mais.

Parem de matar.

Que a gente morre quando menos esperar.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Balança

Não é falta de vontade. É a falta que me faz aquele pedaço de corpo.
Ele, molinho e inútil, junto com as outras partes se partiam em estrias.
E agora aos poucos eles vão me deixando, sumindo pra lugar nenhum, se perdendo no ar.
E eu que já sou sozinha, vou ficando menor, pequena na imensidão.

Não é falta de vontade. É falta daquele pedacinho de corpo.
Que me deixou por escrito um endereço, no verso da barra de chocolate
Descrito em números cheios de vírgula
O jeito mais fácil de trazer pra perto cada pedaço que ficou pra trás enquanto eu corria.

segunda-feira, 14 de março de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quando me deixa vermelha.

Se você quer um pedaço te dou
Inteira
E com seus dedos leves vai me desmanchando
Abrindo os botões
Me descobrindo
Enquanto cubro os olhos
Pra não me ver aos montes
Sem jeito
Com todos os defeitos
Embaixo de você.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Doce Segunda

Sei de uma receita delícia pra comer doce na Segunda sem ficar com peso na consciência.
Lá no meu outro blog.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O lugar das coisas

Fica esperando o dia certo de arrumar a casa, é que tem dias pra essas coisas, sabe? Aquele dia que acorda e pode perder ganhar tempo com as panquecas, esfregando no céu da boa a geléia vermelha, empurrando o doce com café expresso, vendo pela porta gigante o dia enorme lá fora. Só um dia assim, de leve calor e vento frio, pode servir como tempo pra colocar em ordem as coisas. Aí é preciso uma caixa de guardar segredos, um pedaço de fita pra amarrar os lápis coloridos, um prego pra colocar nas paredes aquele jeito antigo de ser. Depois passa uma flanela pra tirar a poeira, sem pressa, observando os nós da madeira, dedilhando a textura dos azulejos quebradinhos. E assim é o dia, junta duas fatias de pão italiano, coloca azeite, cream cheese, rúcula, mostrada, mel e tomate, faz de conta que é almoço. Deita no chão gelado, esfrega as mãos na barriga, o sol faz um desenho torto perto dos olhos e vai esquentando os cílios até eles derreterem, e se juntarem num soninho leve. Começa outra vez, pega as maquiagens quebradas e vai ajeitando numa caixa colorida, passa um pouco nas costas da mão pra lembrar do brilho, coloca a espuma velha na capa nova, deixa flores no centro da mesa, dança uma música. Quando vê já foi, agora pode morar, e vai testando os espaços, olhando lá fora o dia indo embora, o céu pipocando de estrelas e o mundo no mesmo lugar. Fica esperando o dia certo de arrumar a casa, dia de fazer a coisa certa.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Trata dedinho

Pode acreditar, eu amo meus amigos com todas as forças
Torço por cada um deles, mentalizo coisas positivas, gosto das reuniões, dos abraços e perco o fôlego só de pensar em uma vida sem eles.

Mas eu preciso estar sozinha.
E não é de vez em quando, é quase sempre.

Meu sozinha não quer dizer sem pessoas, por mais estranho que pareça
É só uma vontade que tenho de decidir as coisas por mim
De não precisar pensar em grupo
Um egoísmo do mundo que me faz querer fazer o que eu estiver afim.

E aí eu me isolo.

Porque não consigo dizer que não por medo de chatear
E também não quero dizer sim se não.

E o não nada tem a ver com gostar menos dos amigos.
Mas nem sempre eles entendem.

Assim fui conquistando ao longo da vida uns amigos como eu.
Daqueles que não se preocupam com quantos dias fazem que a gente não se vê,
Porque importante mesmo é aproveitar aquela hora
E não bater ponto pra medir amizade.

E também fui perdendo pelo caminho uns amigos que chateei,
Porque não liguei de volta, não fui à festa, e esqueci do aniversário.

Eu admiro os amigos que se comprometem a dar satisfação todos os dias,
Falam pelo telefone,
Se encontram dia sim dia não,
Reclamam que o outro foi à padaria sem avisar.
Mas eu estou longe de ser uma amiga responsável.

Sou só amiga.
Uma amiga só.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Chuva

E de repente, com força e rancor, chuva e eu alagamos o espaço
Com água salgada
Em poças pequenas
Mornas
Medidas
Gota a gota
Sem pensar nos vizinhos
Colocamos pra fora toda nossa raiva
Ensopando a grama
Colando no corpo a roupa rasgada
Irritando quem usava sandálias
Chateando as meninas de escova
Causando imenso desconforto ao rapaz que ouvia
O barulho dos pingos no toldo
E toda aquela gritaria.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Se não vejo

Minha saudade é um ventinho que se espande na garganta
Dilatando o canudo por onde passa
Fazendo pressão no peito
Quase arrebentando comigo
Enquanto eu junto no ar
O fôlego que me falta.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

RECOMENDO

Temos um novo blog, meu irmão e eu.
Com dicas de onde comer e beber, receitas testadas e aprovadas por nós mesmos e muita conversa fiada.

Vai lá: