quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Para guardar o dia

Eu nasci pra escrever.
Depois que aprendi a segurar o lápis e desenhar algumas letrinhas nunca mais parei.
Sério.
Diário, caderno de confidências, cartas, bilhetes, correio elegante, caderno de receitas, cartão de aniversário, poesia, bobagem, monografia, contos, frases soltas, textos publicitários, blogues.
Qualquer coisa serve pra colocar pra fora as palavras que me entopem a cabeça.
Nada sério, mas tudo indispensável.
Sabe aquelas coisas terríveis de se dizer? Eu as escrevo.
E assim mantenho a paz de espírito por mais dois minutos.
Acho que nunca passei um dia sem rabiscar alguma coisa. Ou digitar.
É preciso registrar a vida.

Num papel.
Numa tela.
Numa árvore.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Profissão

Me formei em algo que não sei bem fazer: vender mentirinha.
Veja bem, eu sei mentir, assumo.
Mas me envergonho, portanto, não vendo.
É basicamente isso, a gente faz uma história dizendo que o que é ruim é bom, que o que é caro tá barato, e ainda diz que o coitado pode pesquisar pra tentar induzi-lo a fazer o contrário.
Uma tristeza.
Uma tragédia.

Eu gosto mesmo é de fazer bolinhas.
Bolinhas sinceras, de bom chocolate, com leite Moça, e todo meu amor.
Gosto de enrolar assim, com calma e açúcar.
Posso até mentir que não engorda só pra você comer mais um.
Mas dessa mentira você me perdoa quando a massinha marrom grudar no céu da sua boca.
Ah se perdoa!

Um dia troco o teclado pela panela.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mega Sena

No carro, a caminho do trabalho:

 - Se eu ganhasse ia comprar um helicóptero e nunca mais a gente ia ficar nesse trânsito.
 - Jura que você tem vontade disso? Acho que eu não ia querer essas coisas.
 - Você ia querer o que?
 - Ah, ia querer uma casa assim, bem bonitinha, com varanda na frente. Nossa!!! Uma varanda pra gente sentar naquelas cadeiras de área e chupar laranja no fim da tarde.
 - A gente tem uma varanda.
 - E laranja?

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Voltada pra mim

E assim do nada tive vontade de voltar aqui.
Como se olhasse pra mim sem te ver.
Cega.
Aqui me parece mais meu que seu.
Mas sei, sou sua,
E tá tudo bem.
Às vezes, pequena pérola, é preciso ser só.
Só um pouco.
Mesmo que de fingimento.
Porque sem você não sou mais.
E nem quero mais ser.

Aqui pareço também minha.
Em minha pele.
Com espaço em branco,
Um vazio onde cabem as palavras que preciso vez ou outra me dizer.
Posso escutar meus dedos enquanto me cutuco:
- ei cade você?