terça-feira, 29 de junho de 2010

Eu quero, eu quero, eu quero!

Será que quando a gente quer muito alguma coisa pode consegui-la apenas fechando os olhos, apertando bem os cílios contra as maçãs do rosto, e desejando incontáveis vezes, pensando bem forte, num grito imaginário?

Será?

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Bem-me-viram

As 7 da manha eles se aproximam da janela
E sem cerimonia alguma, desprovidos de sutileza
Me entregam a mim mesma
Falando de algo que tentei disfarcar
Gritando para quem quiser saber

Bem-te-vi!

E eu acordo assim, acusada de ter feito alguma coisa
Fui vista!
E nao vi ninguem.

Eles me tiram do serio - e da cama -
Estico os labios em um sorriso desconfortavel
Dou bom dia aos meus pequenos vigias
Que descem la do alto
Da infinitude azul
Pra me lembrar que nao estou sozinha.

Bem-me-viram.
Ainda bem.

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O teclado desconfigurado faz parte de uma serie de coisas que ainda estao fora de seus lugares. Ele ha de voltar ao normal, junto com a bagunca amontoada no quartinho.
Paciencia.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Enquanto isso...

Vou deixando à mostra
Colocando em ordem
Esquecendo aos poucos o velho
E dando corda pro novo.

Deixo ele entrar
Sentar na beira do sofá
Me acompanhar na xícara de café
No chá.

Me acostumo comigo
Suporto tudo que trago
Me ajudo
Consolo
Estico as pernas enquanto fico de cabeça pra baixo
Relaxo.

Respiro com força o ar geladinho que vem de fora
Guardo no peito
Penso em não pensar
Pra limpar a mente
Refrescar a memória
Sopro
Tudo de uma vez
Empurrando o vento entre os lábios.

Estou quase em paz,
Mais uma vez.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Caixas

Em meio às caixas, plástico bolha e toda a poeira que paira
De repente, num minuto em que o sol entrava pela parte superior da janela
Eu abri, junto com um pacote esquecido, algo que de tão fechado parecia morto.

E coloquei pra fora tudo o que havia guardado,
Para meu próprio (e único) bem.

Gritei.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Antes de dormir

Ontem, enquanto falava com sua mente tagarela, sentiu-se invadida por tantos questionamentos:
-Porque você é assim?
-Porque se conforma?
-Porque não grita?
-Porque tem medo?
-Porque enrola essa mesma mecha de cabelo nos dedos desde quando nascemos?
-Porque não me dá atenção?

Começou a sentir um enjôo estranho, uma ansia, uma raiva.
Tentou controlar por alguns segundos, mas a mente incansável não parava de perguntar coisas para as quais ela não tinha resposta:

-Como pode não sentir vergonha por não trabalhar?
-Como consegue não gostar de celular?
-Como faz pra dormir um sono tão pesado sem remorso?
-Como pode não se importar?
-Como faz pra esquecer?
-Como faz pra fingir esquecer?

Intimidada e sentindo-se invadida deu um basta na situação:

Ela: -Pára, fique quieta, chega disso. Não quero mais ser perturbada por você, preciso dormir.
A mente: -Então tá querida, nos falamos amanhã.
Ela: -Não, você não precisa vir amanhã, nem depois de amanhã, nem nunca mais. Já basta de tanta interrogação, isso nunca vai dar em nada, você não percebe que há dias passamos a noite assim, discutindo em torno de algo que não pretendo mudar?
A mente: -Mas você é tola mesmo, é claro que quer mudar, só não sabe como.
Ela: -E você por acaso sabe? Pode me ensinar?
A mente gargalhou de forma estridente.
Ela: -Tá rido de que sua loca?
A mente: -Da sua ingenuidade. É claro que não vou ensinar nada, meu papel não é esse, venho aqui apenas pra te atormentar!

Sentindo-se derrotada ela virou-se de lado, abraçou o travesseiro e disse baixinho:

-Vá agora, nos falamos amanhã.