quinta-feira, 17 de abril de 2008

Despedida de solteira.



Eu vou viajar.
Levo 3 malas, porque dessa vez demoro muito pra voltar.
Passo em Curitiba, pra abraçar uma amiga, antes de me casar.
Vou pra Maringa, encontrar minhas meninas, minha familia, conforto pra tranquilizar.
Vou subir no altar. Confirmar o sim que disse 6 anos atras.
Depois quero viajar mais longe, descansar a canseira de ser feliz.
Na praia. Onde faz calor o ano inteiro.

Depois eu volto. Com um sobrenome diferente. E um monte de coisas pra contar.

- meu ultimo post de solteira -

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Madrinhas

Ah sim, as madrinhas.
Na verdade, uma madrinha já é madrinha antes mesmo de ser convidada.
Um dia, lá atrás, ela ajudou a sarar teu coração.
Se dedicou a escutar aquela conversa enjoada, sobre a dor que ele causou, sequer fez cara feia. Tão pouco interrompeu.
Uma outra vez era sobre a felicidade. E ela, infeliz, deixou que você falasse denovo, por horas seguidas, do seu caso novo. Por acaso ela sofria de amor, mas de jeito nenhum estragou sua alegria.
E é pra isso que servem as madrinhas, pra curar dor de amor. Pra compartilhar a alegria de amar.
As madrinhas, antes de serem escolhidas, fizeram sua vida colorida.
Cada uma um lápis diferente, compondo a caixa apertada, dividindo o espaço, se revesando na folha em branco que você pintava.
E de fato, antes de terminar a arte, você sempre deixa escapar alguma cor. E ela se perde num espaço de tempo menor que o amor.
Talvez você encontre o lápis despontado, no fundo de uma gaveta cheia de sulfite amassado.
Mas pode ser que não a veja mais. Nunca mais. E fica sentindo falta daquela cor. Uma cor roxa.
Existe um número limite para madrinhas. Dizem isso quando você vai se casar.
Mas na vida é diferente. Você se rodeia de tantas delas... Cada uma com um jeito diferente, palavras de páginas distantes no pequeno dicionário.
Fica impossível contá-las, separá-las, defini-las. São amigas, queridas e nem sempre presentes, quando ausentes deixam buracos irreparáveis. Saudade.

Carola, Carol, Janaína, Fernanda, Renata e Regina.

Sei que no grande dia, pra onde quer que eu olhe, estarei rodeada de madrinhas. E dali pra fora levarei todas comigo, para a minha vida, para o meu pra sempre.
Minhas grandes amigas.

My, Beta, Ghe, Bia. Extra-oficiais, sem lugar na igreja, mas com muito espaço na minha vida. Sempre.

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Tem um lugar diferente

Aotearoa.
É esse o nome do bar que me faz feliz em Criciúma.
Logo que cheguei aqui fiquei decepcionada com os barzinhos da cidade.
Ou muito boteco (mesmo) ou muito fino.
Nenhum meio termo onde a gente pode ir de chinelo havaianas, shorts e camisetinha. Ou moleton, jeans e tênis porque aqui o frio já está batendo.
Até que num dia BEM legal eu descubro isso aqui:






Ah! E para completar minha alegria, agora nós temos Cachaçaria!
Eba!
Drinks, por favor!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Giselle - II

Depois de uns 45 minutos na fila para o estacionamento, umas duas ou três paqueradas, uns 7 Hollywoods e uns 5 Marlboro Lights, enfim as garotas entraram no show.
O salão era grande, e o bar ficava no lado oposto ao palco, assim como o banheiro e as portas de saída. Ou seja, ver a banda de perto implicava uma longa caminhada para matar a sede e eliminar o excesso de cerveja.

- Vou procurar o Daniel. Vocês vão ficar onde?

Disse Lu enquanto virava efusivamente o pescoço, de um lado para o outro, procurando seu ex-namorado.

- Na frente do palco. Na frente e no meio. No melhor lugar.

Antecipou-se Giselle enquanto a outra menina comprava as fichas de cerveja no caixa. 10 fichas. 10 para cada uma.

- Tá certo então, qualquer coisa vou lá pra achar vocês. Se acabar o show e eu não aparecer vocês podem ir embora.

Lu saiu, andando depressa, com uma latinha na mão, deixando as duas com a certeza de que iriam vê-la apenas no dia seguinte.

- Gi, esse negócio tá lotado. Você não acha melhor a gente ficar mais pra trás?
- Não! Acho melhor a gente ficar bem na frente.

As duas deram as mãos para enfrentar a multidão e cruzaram o salão de fora a fora, cada uma com duas latinhas, pra evitar perder o lugar por causa de bebiba.
Quando conseguiram chegar na frente do palco, uma corrente de seguranças entrou bem na frente delas, impedindo que ficassem apoiadas enquanto gritavam alguma coisa, ou mesmo que deixassem as latinhas descansando em cima de algum amplificador.
Enquanto resmungavam alguma coisa por causa dos empurrões, Giselle e sua amiga perceberam que eram coisa rara ali naquele lugar, a platéia era, em sua maioria, homens bêbados berrando em alto e bom som todos apelidos para vagina existentes no mundo.
Com a esperança de ficar mais pra frente (e um pouco de safadeza) Giselle se espremia contra a corrente humana, e isso colocava as mãos daqueles caras gigantes hora nos seus peitos, hora, bem, hora um pouco mais pra baixo.

- Que é isso cara! - Gi gritava indignada - Se você encostar mais uma vez essa mão em mim eu te meto a mão na cara!

E assim, enquanto riam horrores e cantavam idem, as duas amigas dançavam, bebiam e pulavam como se aquele fosse o melhor show do universo. Como se Velhas Virgens fosse a melhor banda do planeta. E como se aquele fosse o último dia de suas vidas.

Hora e meia depois, a garganta violentada das meninas pedia por uma cerveja gelada, mas antes, como de praxe, resolveram enfrentar a fila gigantesca no banheiro feminino. Enquanto se espremiam para segurar o xixi, uma garota de cabelos cor-de-rosa passou como um vento, cortando a fila toda e entrando no bnheiro que acabava de desocupar.

- Essa menina de cabelos cor-de-rosa passou na minha frente? - Giselle deu em berro que fez todas as garotas mal alinhadas concordarem com a cabeça.

- Essa BISCATE furou fila? - Ela insistia, novo gesto solidário das meninas enfileiradas.

- Eu tô aqui no último banheiro, vem me pegar! - Gritou a louca de cabelos coloridos.

Giselle saiu batendo os pés, deu um chute na porta que bateu direto na cara da menina e a derrubou sentada na patente. Enquanto socava o nariz, a testa e o lado esquerdo do rosto da furona de fila, Gi repetia, uma palavra por soco:

- Isso-é-pra-você-aprender-a-nunca-mais-furar-fila!
- Socorro! Alguém me ajuda.

A amiga ria descontroladamente. De nervoso, de orgulho, de bêbada.
As outras garotas na fila emudeceram. Ninguém deu sequer um passo.
Quando acabou a pancadaria, Gi tirou a vítima de dentro do banheiro, segurou o braço da amiga e ordenou:

- Entra, é nossa vez de mijar!
- Mas e as outras pessoas na fila?
- Vem que eu garanto.

Enquanto obedecia e fazia em gotas o xixi acumulado, a menina olhava fixamente para os dedos da vingadora, agora tão roxos que mal se percebia o quanto estavam tortos.
Saíram do banheiro e tudo que puderam notar era a fila extremamente alinhada, tal como na segunda série, quando os alunos esticavam os braços para tomar distância e fazer a fila dos sonhos das professoras.
Giselle empinou o nariz, sentindo-se orgulhosa e aliviada. O respeito (ou seria o medo?) das companheiras de banheiro era nítido. Assim como o medo da amiga de pensar o que viria depois daquela porta.

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Vestígios de algum domingo



Ela acorda espoleta, liga as vontades, quer fazer, ter comer, receber.
Ele abre metade dos olhos, cobre o rosto amarrotado com o lençol mal passado, desliga do mundo, mudo, não quer responder.
Enquanto isso ela lava o rosto com a água gelada, quer dizer te amo, rir por horas seguidas, tomar uma bebida, almoçar as três.
Ele fica pensando (hã), deita no sofá, levanta de lá para deitar na cama, e sua barriga ronca porque são 12:30h e ele ainda não almoçou.
E assim corre o dia. Denso. Tenso.
E nada acontece porque nada aconteceu.
É só isso mesmo. Um dia de opostos.
Ela na sala, rabiscando as linhas da agenda vencida, movida pela indignação.
Ele vê no computador o horário de mais uma seriado.
Faltam 5 minutos pra que ele deite denovo, no lado esquerdo do sofá novo.

sábado, 5 de abril de 2008

Giselle

A lembrança que tinha da amiga não era nítida, afinal faziam alguns vários anos que não se viam.
As vezes, enquanto ouvia Zeca Baleiro, se perguntava se a cara dela ainda seria a mesma, a boca enorme chegando primeiro pra logo depois escancarar os dentes, cheia de palavras pra cuspir.
Nesses dias de saudade e curiosidade sua mente dava um play no filme, sempre aquele filme:

- Gi, não vou mais no show do Velhas Virgem.
- Como assim não vai!!! Claro que vai, a gente combinou isso há um tempão. Você vai sim!

Giselle dizia essas coisas com uma cara manchada de vermelho (de raiva) e marrom com semi-bolas acinzentadas (que adiquiriu depois de um banho de sol exagerado no quintal da velha). Estava realmente nervosa. Mas a menina achou que pudesse explicar a situação, quem sabe ela não entenderia:

- Gi (com muita, muita calma)o Rô está doente, pegou uma gripe muito forte, acho que eu deveria ficar com ele, fazer um chá sei lá, pra ver se ele melhora...

Mas antes que terminasse o discurso, Giselle explodiu em gritos:

- Ele que vá pra casa da mãe dele! Você combinou comigo, você vai comigo! Não quero nem saber!

Bateu a porta do banheiro e ligou o chuveiro. Junto com o barulho da água era possível ouvir os socos de Giselle na parede.

(...)

- Vai se arrumar, senão a gente chega atrasada.

Bastou a menina olhar para os dedos de Giselle para correr pro quarto e vestir uma roupa. Qualquer roupa. Era melhor sair dali, logo. Giselle tinha socado tanto a parede do banheiro que seus dedos envergaram, parecendo vagens guardadas meses na geladeira. No azulejo do meio, na parede do registro, um pequeno trincado provava a força de seus braços com muque de carregar caixa de produtos ortodônticos.

- Tá pronta?

Perguntou Gi com um riso forçado.

- Tô.

Dava pra pegar no ar o medo da garota. Mas Gi fez que não percebeu.

- Então vamo embora - Ela disse, enfática, enquanto botava na boca mais um Hollywood vermelho, daqueles que costumavam deixar seus dedos sempre amarelos.
- Gi, na boa, faz pouquíssimo tempo que eu peguei o carro, tenho medo de ir até lá, tem que pegar rodovia, e depois a gente vai voltar mamada, e eu enxergo super mal no escuro...

Mas antes que terminasse a ladainha, olhou fixamente para os dedos tortos que começavam a roxear.

- Ah, num dá nada, uma hora tem que passar o medo né. Vamo aí.

Lu também ia com elas, e estava ali, pronta. Mas Lu era assim, existia mas não aparecia. Vez ou outra a dava pra perceber o barulhinho da lixa de unhas, Lu sentava no braço do sofá com os pés guardados nas pantufas de tecido, e gastava um pouco de seu tempo deixando o formato das unhas perfeitos.

Entraram no carro preto, as três. O coração ainda batia acelerado quando o dedo amarelo de Giselle ligou o som. Foram gritando palavrões ritmados até chegarem na fila para entrar no estacionamento do show.

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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Mulherzinha - a melhor parte - o antes do casório



Preciso dizer:
Meninas, casem!
E não estou falando do casar morar junto e compartilhar amor, dor e alegria. Esse casar é ótimo também, o melhor de todos eu diria. Mas estou me referindo neste momento ao casar festa e preparativos.
Ah! Agora que eu sei o quanto é legal preciso divulgar a coisa!
Faz um ano que estou pesquisando, escolhendo, vendo, analisando, discutindo, decidindo e preparando a festa do meu casamento.Isso que eu estou aqui em Criciúma e meu casamento vai ser em Maringá, mas tudo certo, as decisões só são tomadas depois que a noiva, diz sim ou não.
É até engraçado, a gente vira uma mulher realmente poderosa. Ao menos pra decidir se as flores serão amarelas ou vermelhas.
Mas é agora, nos três meses finais que a coisa fica realmente boa. Sim, porque nos últimos 3 meses, buffet, banda, igreja e decoração já estão escolhidos, e a prioridade agora é a noiva. Ou seja, eu!
Vão passando os dias e acontece a primeira prova do vestido. Esse é o dia decisivo. O dia em que 90% das noivas decide emagrecer. E é sensacional, porque esse emagrecimento acontece quase que naturalmente, já que a gastrite emocional dá uma força pra que a gente delete a comida. E como na maioria dos casos o vestido é branco, aí minha amiga, perder no mínimo 4 quilinhos é obrigatório.
Mas é nessa hora, na hora da prova, que a noiva vira mulherzinha, cheia de vaidades e vontades.
Para vestir com gosto meu vestido branco de renda já emagreci 6 quilos! E ainda continuo firme contando as calorias, dia após dia. Estou caminhando, fazendo yoga, massagem modeladora, endermoterapia e drenagem linfática pra ajudar. Pareço aquelas peruas doidas das novelas, passo 2 horas por dia, 3 dias da semana, na clínica de estética, andando de roupão branco pra cima e pra baixo. Nos outros dias vou no salão, faço hidratação no cabelo e fico imaginando qual será a cor das mechas que vou fazer para o casamento.
Mas é na hora de voltar pra casa, sempre a pé pra queimar umas calorias extras, que a noiva fica feliz. Uma olhadinha no reflexo da vitrine pra perceber que os cabelos estão mesmo mais bonitos, o corpo mais magro e a cara de feliz parece que sempre esteve ali, naquele rosto que não tem mais espinhas por causa do tratamento feito com o dermatologista.
E o mais legal é que todas essas vontades de melhorar a aparência surgem com a idéia do casamento, mas na hora que a gente vê os resultados fica se perguntando porque não fez isso antes.
É claro que eu, pobre mortal desempregada, vou parar todos os tratamentos estéticos assim que voltar da lua-de-mel, pura e simplesmente porque eles não são de graça. Uma desgraça, eu diria.
Mas para alívio da minha pessoa, sei que as caminhadas no parque e a dieta equilibrada não me custam nem um centavo a mais. E os cuidados com a cabeleira também podem ser feitos em casa por muito menos que cobram os salões.
Mas o que eu queria mesmo dizer é que ser noiva é um luxo! Uma delícia de alguns meses que faz crescer na gente uma vontade de se pintar, perfumar, vestir uma roupa linda e sair pra tomar um vinho com o amor.
E cheia de amor próprio.
É por isso que eu digo, garotas, casem! Façam festa, qualquer festa, churrasco, com igreja, só cartório, almoço, jantar, baile. Sei lá. Tanto faz.
Eu torço mesmo é pra que o amor desperte em vocês o amor por si próprio.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Meu amor não é mentira



Para te amar me livrei das mentiras. Quase todas, porque as histórias fantásticas não me canso de contar. Para te impressionar.
Me limpei com água de cheiro, preparei um bolo para te saciar, uma cama de roupas brancas, um colo com reserva eterna. Em seu nome.
Fiz tudo de uma vez, pra depois me livrar de tudo. Fiquei vazia pra me encher de você.
Em cada buraco meu um pedaço teu. Feito cimento pra arrumar o estrago de outros vendavais. Temporais. Não mais.
Troquei os discos, deixei reinar o som dos seus passos, seus gemidos e ruidos. Sem gritos.
Fui falando menos, muito menos do que sou capaz. Só pra que existisse em mim um silêncio de te ouvir. Coloquei sua voz no repeat e jamais me cansei.
Para te amar deixei do outro lado do mapa tudo e todos. Coloquei eles no coração laceado pelos anos longe de você. Eles respiram aliviados.
Cheguei perto, mais perto, tão perto a ponto de ver só um olho teu. O olho que me vê. Vela.
Me transformei em mulher, com alguns vestígios da menina de tranças pra quem você ofereceu a cadeira. Para que não se esqueça.
Fiz um vento embaixo do seu pescoço, dedilhei a sola dos teus pés, mordi todas as partes do seu braço, inventei um jeito de te ver sorrir que acontece bem ali na sua barriga. Minha barriga.
Te dei minha mão, aceitei teu nome, te escolhi pai pra quando houver um filho.
Para te amar foi só te ver.