domingo, 22 de março de 2009

Era o fim no fim de tarde



Enquanto esperava a passagem da gripe deitou-se envolta por livros no tapete verde da sala, lá perto do seu pé descalço com cheiro de melissa nova uma listra de sol ia se aproximando ao mesmo tempo em que ficava estreita.
Era linda.
Ela esticou as pernas, fez um arco com o pé e tentou tocar com a ponta do dedo aquele pedaço de calor.
De repente sentiu-se feliz. Imensamente feliz.
Riu um riso solto e sincero.
Enfiou os dedos no meio dos cachos bagunçados, fungou o nariz machucado e até conseguiu respirar profundo como há dias não era capaz.
Fechou os olhos para despedir-se da gripe e percebeu que os dias não eram mais de verão.
Ficou aliviada como nunca ficara, era costume seu aproveitar o sol, ficar marrom - caramelo, e lamentar o vento frio.
Mas naquele momento estava tudo diferente, e com muita força e vontade ela quis um ventinho de inverno no rosto branco feito neve.
Era fim de tarde quando o abriu os olhos, estava esticada, com os braços pra cima da cabeça e os pés em ponta.
A listra de sol cruzava sua coxa.
Ela viu e sorriu.
Levantou num pulo para acordá-lo com um beijo sem gripe.
Deu boa tarde para o amor.
E amou-se.

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