sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sem riso.

Era uma menina que não ria
Não via graça
Desgraça,
Achava forçada qualquer gargalhada
No escuro do cinema.

Era uma menina com vergonha de ser triste
Que achava cinza o colorido dos outros
E pra disfarçar
Fazia de conta que tinha vontade de rir
E sem mostrar os dentes rasgava a boca de fora a fora
Rápido, mas não sem dor
Depois de uma piada mal contada.

Era uma menina que não ria
Quase nunca
Às vezes explodia
E sem saber o motivo
Se contorcia no chão
Gargalhando de alguma coisa sem graça
Até a barriga doer tanto
Que de tanto ela chorava.

Era uma menina com vergonha de ser triste
Que de tanto chorar
Assumiu que se entendia melhor com as lágrimas
Que com os dentes.

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