quinta-feira, 9 de abril de 2009

O coelho é de chocolate

Hoje é quinta-feira e logo Páscoa.
E eu sei que ando faltando à missa, e muito, mas hoje senti que quero mais que ovos.
Decidi encarar o espírito da coisa e renascer. Renovar, mudar, aproveitar a oportunidade de rever.
Amanhã eles chegam pra me ver, mãe e Ri, carregados de carinho, afeto e saudade.
E eu vou buscá-los vazia, limpa, com espaço para guardar tudo de bom que me oferecerem.
Comigo vai só o amor. Os dois, abstrato e concreto. E juntos, um ao lado do outro carregaremos as malas e levaremos pra casa um pedação de família.
Finalmente vou contar à minha mãe sobre aquele dia, um Sábado de aleluia muitos anos atrás.
Naquele dia eu fui dormir ansiosa demais para pegar no sono e sem querer, por debaixo do cobertor furadinho, percebi que ela dava passos pequenos pra ajeitar na cestinha de papel um ovo bem grande e vermelho. Fiquei bem triste, mas não contei nada para o Ri, afinal já havia dito que Papai Noel era lenda e ele muito otimista não acreditou em uma só palavra, jurando e gritando que se ele ganhou um carrinho era porque Papai Noel trouxe, oras!
Ontem recheei a casa de ovos e bombons para esperá-los, mas não vou repetir a cena da páscoa passada, aquela em que comi um número 15 inteiro em uma só sentada, intercalando pedaço branco com preto e depois preto e branco juntos, branco mais uma vez, preto, até que sobrasse todo o papel amassado no meu colo.
Esse ano vou sentir o gosto doce do chocolate amargo, devagar, diferente.
Vou dividir todo o chocolate que costumava esconder do Ri quando a gente era pequeno.
Vou cozinhar o almoço de Domingo e deixar minha mãe sentada na cozinha com uma taça de vinho, seu cigarro light e toda nossa conversa atrasada no ar.
Nessa Páscoa quero ressurgir.
Com as mãos sujas de chocolate.
A nova Páscoa de Leticia está começando agora.

Uma Nova Páscoa para todos que passam por aqui,

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