sábado, 30 de maio de 2009

perdas e pedras.

Certa vez perdeu a noção do perigo, colocou o irmão pequeno sentado no cano da bicicleta e desceu correndo as 9 quadras que faltavam pra chegar em casa, furando todas as preferenciais, com o vento nos cabelos e as mãos firmes no guidão. No último cruzamento viu o carro se aproximando, mas naquele dia a sorte estava ao seu lado, e como se fosse mágica ela conseguiu frear, e caiu junto com o irmão perto do meio-fio. O homem que dirigia ficou irado, deu uma grande bronca neles e depois contou tudo para a mãe que repetiu o discurso. Mas mesmo com o coração acelerado de medo ela se salvou, reparou o dano com um pedido de desculpas e nunca mais repetiu a travessura. Nem saltou de pára-quedas.

Mais tarde perdeu a chance de ser uma boa aluna, poderia ter passado no vestibular de uma universidade pública, mas foi vencida pela matemática e desistiu antes mesmo de tentar. Em um acordo consigo mesma decidiu que era burra, não valia a pena gastar tardes e noites aprendendo as fórmulas que não saberia usar. Mesmo quando foi fazer faculade não se convenceu de ser capaz, estudava mais, mas invejava a habilidade da colega de classe que agora é reporter de jornal. Trocou de curso e bem lá no fim jogou a favor de si. Ganhou o jogo invertendo o placar.

Não se lembra quantas vezes tropeçou nas pedras, todas pequenas, mas sabe bem o esforço que é preciso fazer para movê-las do lugar, tirá-las do caminho. Custa muito reparar os danos, mas ela sabe que é possível.

Difícil mesmo é se livrar do vício de dizer, e ela diz qualquer coisa, em qualquer tempo. Continua perdendo as oportunidades de ficar quieta, ouvindo, muda. E não sabe como agir a respeito disso porque algo dito não pode ser mudado, e ela tropeça nas palavras soltas, rápidas, muito mais rápidas que seu pensamento. E aquele monte de letra vai ficando no vento e nem mesmo todo o tempo é capaz de dissolvê-las.

Fala tudo de uma vez, não cala, e se arrepende antes mesmo de terminar a frase mal feita.
Bem feito.

1 comentário:

amanda. disse...

oi le!!

sera que vamos FINALMENTE vencer as barreiras da timidez e dos desencontros? heh

espero que sim.

entao, desde que eu vi a foto do teu irmao aqui eu fiquei encucada porque eu conheço ele de algum lugar.
e lembrei, LOGICO QUE CONHEÇO.
sempre que vou a festinhas, churrascos e showzinhos com uma galerinha aí ele ta por perto. a gente nunca se falou, mas nao vejo a hora de chegar e dizer "OI VOCE É IRMAO DA LE NÉ? AH EU ADORO ELA!!" hah

beijo pra voce, dona leticia.